Resistente aos modismos, o jeans seduziu a jornalista de moda Lu Catoira, que tem dois livros sobre o tema. O primeiro, "Jeans, a Roupa que Transcende a Moda", de 2006, e o segundo, "Moda Jeans, Fantasia Estética Sem Preconceito" (Ideias & Letras), lançado no ano passado. Ela analisa os valores da cultura contemporânea e a fantasia estética que o jeans expressa como linguagem.
"Gosto de jeans, mas não sou uma consumidora voraz do produto. Quando cursava uma pós-graduação em Educação Estética, procurei um tema que pudesse abranger a moda, minha área em 31 anos de atuação, como jornalista e produtora. Durante minhas pesquisas, escolhi o jeans por ter uma história interessante, ser um elemento estético, de espírito jovem e com uma garra incrível para sobreviver a mais de 150 anos." Segundo Lu, cada vez que se aprofundava nos estudos, mais se apaixonava pelo tema. "Busquei autores em diversas áreas, como psicólogos, sociólogos, semiólogos, para conseguir entender os meandros desse produto mágico."
Para a autora, o jeans transcende como tecido. Ainda, atribui seu status perene ao poder jovem que a roupa adquiriu em sua existência. Quanto aos momentos mais marcantes do índigo ao longo dos seus anos de vida, que já ultrapassa um século e meio, comenta:
- Foi importante como vela de barcos dos marinheiros genoveses e como cobertura de vagões de trem e barracas de mineradores. Considerando-o como peça de roupa, o jeans teve vários grandes momentos. Primeiro, a calça resistente dos mineradores passou a ser usada também como "uniforme"de lenhadores, chegando às fazendas e aos cowboys. Outro marco foi quando o jeans invadiu o universo dos jovens, a partir dos anos 50, tornando-se símbolo de rebeldia. Seu passaporte para a moda deu-se a partir dos anos 60.
Embora com DNA globalizado, de acordo com Lu, o jeans começou realmente como um fenômeno americano. "Inicialmente foi usado como uniformes que exigiam tecidos resistentes. O cinema foi a grande mídia. Charles Chaplin, em 1936, no filme 'Tempos Modernos', aparece trabalhando em uma indústria, vestindo um macacão de jeans. Na mesma época, a vida de cowboys americanos atraía espectadores aos cinemas, ávidos por suas aventuras. Nos anos 50, também foram os jovens americanos que acataram o espírito dos rebeldes sem causa vivido no cinema por James Dean, em 'Juventude Transviada', e Marlon Brando em 'O Selvagem'. E mais uma vez o cinema ajudou a propagar o comportamento dos jovens embalados pelo ritmo do rock, com Elvis Presley no papel principal."
Lu Catoira finaliza dizendo que o foco do mercado está hoje no consumidor. "Conhecer seus desejos e ambições é o que direciona a criação, o marketing e a venda."
Por : Vera Fiori
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